Projeto foca no futuro da construção no Brasil e no mundo
A pandemia provocada pelo Novo Coronavírus acelerou o processo de inovação tecnológica nos canteiros de obras e na indústria da construção como um todo. A construção industrializada ganhou destaque com os hospitais construídos em tempo recorde e a escassez e a alta elevada dos preços dos materiais de construção reforçaram a necessidade de insumos e processos construtivos alternativos. Embora a crise sanitária tenha provocado transformações no setor, elas já vinham sendo previstas e eram pauta debatida na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Desenvolvido em parceria com o Senai Nacional, o projeto Construção 2030 representa o posicionamento estratégico da CBIC em relação ao futuro da construção no Brasil. Habitação e infraestrutura formam os pilares do trabalho, que começou a ser desenvolvido em 2018. O intuito é fomentar uma cultura voltada para inovação nas empresas.
Neste sentido, a construção modular é uma das ferramentas que tem contribuído efetivamente com toda a cadeia produtiva. De acordo com a empresa Tecverde, esse tipo de modelo pode reduzir em até quatro vezes o tempo de uma obra. Essa agilidade, atrelada ao modelo de produção fabril, diminui o consumo de energia e de água de toda a cadeia, desde a concepção do projeto até a entrega da chave. Segundo o CEO da Tecverde, Ronaldo Passeri, a empresa consegue reduzir em até 15% os custos diretos, mas esse percentual aumenta ao levar em conta os custos indiretos, como a inflação no tempo da obra.
As obras hospitalares construídas pela empresa, em conjunto a Tecverde, durante a pandemia são um exemplo. Dentre elas, as ampliações dos hospitais regionais de Ceilândia e Samambaia, no Distrito Federal, e o Hospital Municipal M’Boi Mirim, em São Paulo/SP. “Em média, foram apenas 33 dias, desde a fase de projetos até a entrega das chaves, sem deixar de lado a qualidade e a excelência”, ressalta Machado, que garante a continuidade desses hospitais no atendimento da população pelo SUS, mesmo depois do período pandêmico.
Em parceria com a startup voltada para a área da saúde SAS Brasil, a TecVerde recentemente produziu cabines de telemedicina. O protótipo instalado na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, além de conseguir levar atendimento médico às áreas menos assistidas, aumenta a incidência de consultas de rotina à população, inclusive de especialidades não encontradas em UPAs e hospitais públicos.
Passeri ressalta que a tecnologia modular/fabril não é focada na redução de postos de trabalho. Ao contrário, representa uma qualificação melhor da mão de obra empregada, com desenvolvimento direto dos funcionários do setor, além de proporcionar um ambiente muito mais seguro e salubre.
De olho no futuro
Atenta a esses sinais, a CBIC retoma o projeto Construção 2030 já com a meta-alvo de ampliar o cenário futuro da construção civil no segmento imobiliário. A ideia é continuar avaliando como os elementos do presente estão atuando para causar transformações posteriores. “É um olhar para o amanhã da construção no mundo e os cenários para o Brasil nesse futuro”, diz Klavdianos.
A iniciativa conta com a participação de empresários do setor, representantes de instituições e associações de diversos segmentos da construção civil e a academia. “No nosso cenário futuro, a construção civil torna-se uma indústria inovadora, avançada, produtiva, onde os princípios da indústria 4.0 estão implementados e a evolução para a 5.0 encaminhada. Duas forças influem para esse resultado: a política pública habitacional e a cultura do setor para inovação”, conclui.